terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Quando perdemos um amigo

Demorei um pouco para escrever sobre isso....

Perdi um amigo, se foi o Markus Grünig que me ajudou tanto nesses últimos anos de vela.

Subindo na plataforma para tirar fotos!

O Markus, era o meu padrinho e dele eu guardava apenas lembranças da infância, de tê-lo visto algumas vezes quando ainda era pequeno, com menos de 10 anos. Em 1988 nos mudamos para uma cidade chamada Rio Bonito no RJ e nunca mais vi o Markus, fomos perdendo o contato e eu fui crescendo, mesmo assim meus pais sempre tinham alguma boa história para contar que incluía ele, algo engraçado, sempre!

Markus timoneando o HC16, frioooo

Passados muitos anos, talvez uns 20, o Markus foi na casa dos meus pais e começamos a conversar. Nessa época eu estava fazendo minhas aulas de vela e o papo foi natural, quando então ele me disse que também estava fazendo aula com o Peter e que tinha pago mas não tinha completado! Marcamos de nos encontrar no SPYC para completar essas aulas dele e assim o fizemos. Desde então, estávamos invariavelmente uma vez por semana fazendo algo por lá.

Ricardo no HC16

Eu e o Markus velejamos de Dingue quando ainda estava em aulas com o Peter. Depois velejamos de MOD23 num dia que nos deu a louca de alugar o barco para ver como era. Resolvemos encarar o HC16 juntos. Em seguida, comprei o Snipe e o Markus participou de tudo, fez até uns vídeos ótimos de uma capotada que ele deu numa regata. Eu sempre considerava o barco como "nosso" pois nos divertíamos juntos.
Eu no HC16

Quando comprei o Yerê, o Markus foi um dos primeiros a velejar no barco comigo. Tivemos ótimos momentos nele. Quando resolvi parar o barco para a reforma, ele foi o meu "gerente da reforma" pois estava sempre ali, cuidando dos detalhes, correndo para lá e para cá atrás de peças. Fizemos projetos juntos e trabalhamos com afinco durante meses para deixar o barco como queríamos.

Assim que o Yerê virou "Grande Baiú", fiz questão de ir para a água pela primeira vez com ele. Não deu certo, tivemos um problema na quilha, o que precisou de alguns dias para ser resolvido, mas tudo bem, assim que resolvemos subimos no barco e fomos juntos para a água. Essa foi a última vez que saíamos a vela e foi muito bom, talvez a melhor de todas as velejadas que fizemos. Estávamos felizes pois o trabalho todo que tínhamos executado estava funcionando!
Quilha com defeito, voltando

Pouco antes do Markus nos deixar, fui com ele no clube instalar o motor elétrico. Nesse dia, não tinha nada de vento e ficamos boiando na água e batendo papo a tarde toda. Essa foi a última lembrança que guardei na minha cabeça pois no final de semana seguinte ele se foi.

Numa boa, velejando....
Num domingo o Markus me ligou no começo da tarde, perguntou se eu ia para o clube e eu disse que não, não dava pois estava com visitas em casa. Ele me confirmou que havia marcado de falar com outras pessoas e iria passar por lá, não deu tempo, me senti muito triste pois o fato de estar indo para o clube me fez sentir um pouco responsável... coisas da cabeça, eu sei, mas....

Testando o motor elétrico, última navegada!

Bom, gostaria muito de dedicar as minhas navegadas todas de 2016 ao Markus. Ele foi fundamental para eu conseguir ir um pouco mais longe em tudo sem me estressar ou me preocupar pois ele sempre estava de bom humor e sorrindo. Sempre fazendo brincadeiras com as crianças (afinal ele era o Vodrinho dos pequenos) e resolvendo coisas comigo. Em todas as minhas velejadas, quando olhar para os detalhes que trabalhamos juntos no barco, o meu amigo vai estar lá...

Obrigado pela amizade Markus, sempre será lembrado por todos aqui de casa e sempre vamos nos perguntar, por que tão cedo... Essa foto abaixo representa tudo que você foi!


Feliz, sonhador, amigo!

Um forte abraço!

Mudar de clube ou marina, vale a pena?

Nesses últimos meses não conseguimos atualizar o blog, foram tempos de muito trabalho e pouca diversão aquática e acontecimentos tristes.... mas nesse meio tempo resolvemos que chegava o momento de experimentar um outro clube e a "brincadeira" começou...

Barco no CCC após quebra da carreta

Sei que é uma surpresa para muitos afinal fomos SPYC por uns bons anos mas acreditávamos que deveríamos mudar e dessa forma, fomos em frente com os planos!

O SPYC nos acolheu nesse início da vela. Foi ali que aprendi a velejar e que toda a família curtiu bons momentos. No SPYC passamos a entender um pouco de regatas, de barcos e do que precisamos num clube, dessa forma, o SPYC está no nosso coração e no início da nossa história com barcos.

Nos últimos meses, acreditávamos que tínhamos uma necessidade que passava pelas crianças: ter um lugar com mais atividades, com mais coisas para elas. No fundo, pensávamos em algo que fosse o modelo do CAI (Clube Atlético Indiano) que frequentei na minha infância ou no Clube Itaú Guarapiranga que a Mari foi nos anos 90. Um clube com náutica para deixar o barco (coisa que esses dois clubes não tem) e todas as facilidades de um... clube!

Quando fui fazer o primeiro passeio no Yerê do sr. Kurt, o barco estava parado no Clube de Campo Castelo - CCC e ele me apresentou tudo, afinal ele se associou lá em 1967, conhecia cada cantinho! Eu fiquei muito bem impressionado mas ainda precisava entender que tipo de clube eu queria, fui algumas vezes ao Castelo para resolver questões do barco e fui percebendo que gostava daquele tipo de ambiente com mais atividades...

Barco na Náutica do CCC

Na última regata que participei com o "My Dream"do Barão (SPYC), a 6a. Etapa Guarapiranga, a festa de premiação foi por ali. Muita gente batendo papo e um acolhimento ótimo! Eu me senti em casa com tantos barcos do tamanho do meu e muitos velejadores conversando num ambiente descontraído e divertido. No dia seguinte resolvi levar o restante da patota para conhecer e a decisão veio fácil, nos associamos! A partir do dia 25/10 iniciamos a nossa (curta) jornada no Castelo.

Cheguei no CCC no dia 26/10 no começo da tarde com um vento muito forte e saí no dia 20/12 com vento muito fraco voltando ao SPYC, onde me senti novamente em casa! Foram 2 meses longe do meu lar e o retorno me deixou muito feliz! Nesse tempo senti falta dos amigos que deixei e de algumas outras coisinhas...

As crianças foram pouco no novo clube, tivemos problemas de trânsito horríveis na Av. Interlagos, que não anda pois ainda está com o projeto de 1960. O Barco foi pouquíssimo usado pois não dava para fazer aquele esquema de ir de bike ou a pé no horário que todo mundo está na escola e a Mari trabalhando e finalmente eu estava me sentindo de alguma forma... estranho...

Foi então que começaram os outro problemas. Sei que todos eram contornáveis mas eu não tive paciência... ou não aceitei bem as coisas que aconteceram...

Logo no início, a rodinha da frente da carreta foi arrancada em uma manobra de subir o barco pela rampa. Foram dias de barco na água para dar tempo de arrumar a carreta. Não creditei a quebra aos marinheiros ou ao clube, a carreta não estava em "excelente" estado mas, talvez, tenha faltado um pouquinho cuidado a mais... tudo bem, coisas que acontecem, levei numa boa...

Em seguida tive problemas com o cavalete, calços, tempo para retirada do barco da vaga (cheguei a esperar mais de 1h), falta de escada para descermos do barco, uma infinidade de pequenas coisas. Algumas do clube e outras do local como por exemplo o excesso de mosquitos, fui me sentindo cada vez mais chateado e preocupado. Já não confiava mais que o meu barco estava de acordo com o que eu queria, ou estava acostumado, como no SPYC.

Que dia para chegar no SPYC, temporal!

Resolvi então que era hora de reavaliar tudo. Eu já não estava mais indo ao clube para me divertir, estava indo para garantir que as coisas estariam da forma que eu queria. Comecei a ficar cada vez mais irritado, chateado, preocupado... ou seja, nada de relaxar e curtir.... e o meu propósito era me sentir bem.

No dia 18 tomei a minha decisão: voltar ao SPYC. Dia 20 tive uma brecha na escala de trabalho e não tive dúvidas, parti com o meu barco para o meu "velho" clube. Ao chegar, realmente veio um sentimento de que ali era minha casa, o meu local.

Carreta foi por terra

O SPYC não tem a estrutura do Castelo, é verdade. Mas o SPYC é um clube "de vela" e para mim isso realmente é a coisa mais importante, poder confiar o meu barco sem precisar me preocupar se está com calços ou em cima do cavalete é parte da minha diversão. O SPYC não faz com que eu tenha que enfrentar a Av. Interlagos e eu aproveito para ir de bike, coisa que eu adoro.

Obrigado a todos que me acolheram no Castelo, a todos que participaram desses parcos 2 meses. É justo tentar e descobrir o que realmente é importante. Sentirei saudades da estrutura? Sim. Sentirei falta das pessoas interessantes que encontrei por lá? Sim! Mas o lugar que me sinto em casa é o SPYC, com suas qualidades e seus defeitos é ali que eu vou ficar....


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Manutenção de barco!

Você acha ruim a reforma em casa? Arrumar o carro? Trocar a máquina de lavar roupa? Então você não experimentou fazer uma parada no seu barco, todo o resto fica fácil! rsrsrs Eu resolvi parar o meu barco e garanto, não é tarefa fácil. Não quero dizer que é chato ou impossível de se divertir, mas eu garanto que se você é igual a mim que gosta de VELEJAR, não vai gostar de ver o seu barco parado e todo desmontado... mas eu fui em frente e fiz toda essa empreitada!

 Desmontando o Yerê com o Jurandir e o filho dele

Primeira lição: NÃO CONFIE NOS PRAZOS! Há uma falta de profissionalismo nessa área que é complicado. O material é bom, o trabalho é bom, mas o prazo... ahhh o prazo... só para ter uma idéia simples: eu pensei que acabaria o barco em 2 meses, foram 5 no total, última velejada em 04/05/2015 e retorno para a água em 14/10/2015. Tirando a elétrica feita pelo Markus Grünig que foi rápida e terminada antes do prazo, o restante foi um sofrimento, mas não se ganham todas!

O que fizemos no barco:

1) Pintura (4 meses de trabalho): PU na cor branca no deck e gel no costado, gel cor areia nos paióis e partes internas (não mexi no teto que precisava somente de uma limpeza), verniz em todas as madeiras - tudo feito pelo Jurandir

Pintura

2) Elétrica: instalamos uma bateria Freedom estacionária de 60A, cabos elétricos revestidos e flexíveis, disjuntores, switches, fusíveis, luzes de navegação e tope do mastro, antena de rádio também no tope, luzes iluminando o cockpit e deck, farol de proa, entradas para carregar a bateria, saída 12V para ligar USB's, ventilador - isso feito pelo Markus Grünig (no prazo!!!!)

Painel parte interna


Painel elétrico


3) Ferragens: instalei com o Lorival da InoxNáutica um pulpito de proa, 2 banquinhos de popa, postes com 45cm, plataforma de popa com escadinha, suporte de âncora e "engolidor de cabo" que permite o cabo da âncora ficar em um pequeno paiol na proa do barco (esse feito pelo Jurandir).

4) Adesivos: esses eu pedi aos meus amigos Neto e Luana do HC16 Neon para me ajudarem, são adesivos com o nome do barco (Grande Baiú - Capt Kurt - Yerê), número de inscrição e capitania. Devem chegar logo, obrigado aos dois amigos!

5) Estofamento: fizemos tudo novo, colchões, encostos, almofadas... ficou muito bonito, tudo combinando e com um ótimo tecido hidro-repelente....
Estofamento interior

6) Cabos: lavei todos e troquei tudo que não estava bom, ficou parecendo novo. Também coloquei um amantilho que já vi ser muito útil!

Parece pouco né? Não, nem pouco não parece, é muito mesmo! Foram meses de trabalho intenso e cansativo, mas o resultado ficou bom!

Nesse meio tempo tivemos alguns contratempos como a armação da quilha que eu instalei errado e na hora de tirar o barco da carretinha, quase tivemos um treco! Algumas ferragens estavam quebradas e tivemos que trocar, a bússola foi colocada sem vedação e alagou o barco... ou seja, muita coisa para fazer mesmo depois de tudo pronto!

Vou deixar um agradecimento ao Markus que desde o início acompanhou a empreitada. Também gostaria de dizer obrigado ao sr. Alcir que nos emprestou mmmuiiiitttttaassss ferramentas e nos guiou em muitas instalações!

Espero agora navegar, navegar, navegar, passar uns 30 anos navegando sem ter que reformar nada! rsrsrsrs


Fim da dia ainda trabalhando

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Regata Schmitt Cup no SPYC

Que saudades de correr uma regata!!!!

Desde que o Grande Baiú foi para a reforma (vou contar daqui a pouco) estou sem correr uma regatinha do SPYC. Que vontade de velejar e competir....

Eu estava indo para o clube no Domingo 28/06/2015 quando recebi uma ligação do Markus me avisando que estava saindo para uma regata de proeiro. Lembrei então da Schmitt Cup e saí pedalando forte para chegar logo e ver se conseguia sair com alguém de lá.

Assim que entrei no clube, fui direto para o pontão e de longe vi o "Barão" saindo com o My Dream que é um Marreco (16 pés - cabinado). Gritei de longe e ele disse: venha! Larguei a bike e saí correndo, pulei no barco e começamos a nossa velejada, e que velejada! Vento gostoso de Noroeste com rajadas e na casa de uns 10kt. O Barão é muito simpático e então a conversa foi ótima.


Foto do My Dream (internet)

A regata, com previsão de começo as 11:00h teve largada em ponto e saímos muito bem, foi a melhor largada que já participei, estávamos no bordo certo e na posição correta. O nosso objetivo era ficar na frente do "Alegria" que é um Delta 17, o único outro mini-oceano na raia.

Decidimos usar a parte oeste da represa, lá o vento predominou mas mesmo assim ficamos sempre atrás do Alegria. A regata era de 3 pernas e já estávamos na terceira e ainda atrás. O Barão decidiu então voltar para a parte oeste e rumar no sentido nordeste com um bordo só até as boias de chegada, completando a quarta perna. Chegamos em 1:02h e o Alegria 3min atrás, foi festa total no My Dream, conseguimos vencer essa! Nossa colocação geral foi 19, está bom, conseguimos chegar onde queríamos!

Eu e o Barão

Eu voltei para a casa com uma sensação de que o dia não poderia ter sido melhor!

Ahhh e o Markus (proeiro) e o Peter ficaram em quinto lugar com o Snipe! Bommm.

domingo, 3 de maio de 2015

Nada como ouvir o barulho da noite!

Voar é minha profissão, sou piloto de Boeing 737 e assim, por força da obrigação laboral eu tenho que trabalhar nos mais variados horários. Isso quer dizer que enquanto você lê esse texto eu provavelmente estarei longe de casa, cruzando o céu seja num feriado ou fim de semana de dia ou no meio da noite.

Velejando no início da noite!

A noite tem algo especial, é calma, sem a necessidade da pressa do dia, a noite é silenciosa mesmo num avião mas a noite também é traiçoeira, exige do corpo muito mais que o dia, exige a máxima atenção quando na verdade vamos contra a nossa natureza de dormir. Foi com essa filosofia que eu fui mais uma vez para o barco, passar a noite na represa de Guarapiranga.

Sempre escutei que velejar a noite é uma experiência diferente. Alguns velejadores passam noites a bordo seja para ler um livro, para curtir o barulho do vento nos brandais ou para dormir mesmo! Agora, passado alguns anos que estou velejando tomei minha coragem para não só dormir no barco mas também velejar a noite..... e em solitário!

Vista linda de final de tarde

Para dormir no barco, como já havia feito antes, necessito de algum planejamento já para velejar a noite, mais ainda. O meu barco é um Tchê (ou Delta 17). Não é um barco daqueles da sua imaginação com uma cozinha enorme, sala grande e uns 3 quartos com suíte. Bancos de baterias, placa solar e eólica somadas a um motor possante com muitos HP's? Nada.... Meu barco é um veleiro de 17 pés (uns 5,5m), ou seja, se você pensar e comparar, um carro é quase desse tamanho aí (nosso Corolla tem 4,6m), meu motor é o vento e o velho Johnson de 4hp!

A mesinha do meu barco com o lanche
Nosso barquinho é bem arranjado, tanto por fora quanto por dentro. O mastro não tem uma enora, dessa forma você pode aproveitar o bom espaço interno. Temos 1 cama de casal na proa com uns 2m e duas camas de solteiro na popa com quase 2,5m. No centro, temos um bom armarinho e há muitos outros espalhados pela cabine, uma mesa escamoteável e alguns paióis que servem para guardar muitas coisas que temos que carregar (coletes, coisas de limpeza, panos, capas de chuva, documentos, etc) Por fora, no cockpit, há um porão de "carga" onde ficam a gasolina reserva, caixa de ferramentas, cabos extras, âncora, e extintor, tudo tem seu cantinho e nós devemos isso ao seu antigo dono, sr. Kurt que cuidava muito bem do nosso barquinho.

No meu planejamento, eu coloquei algumas coisas importantes: alimentos e água, repelente, lanterna (duas para o caso de uma falhar), roupas de frio, roupas de cama, celular carregado e uma toalha, afinal nunca se sabe quando o manza aqui vai cair na água.

Enchi o tanque de gasolina e lá fui eu, 18:30h soltei a amarra no píer do clube e comecei a velejar com um vento fraco de oeste que me deu um trabalhão para tirar o barco do canal, não queria ligar o motor então tive que dar uns 4 bordos para sair....

A minha idéia, por sugestão dos amigos, era passar a noite no outro lado da represa, perto de umas casas onde tem um píer e há uma pequena baia que me protegeria dos ventos de Noroeste e Sul. A velejada foi de vento MUITO fraquinho, sempre de Oeste o que me fazia ter que dar bordos para chegar pois o local que eu queria ir estava exatamente, adivinhem, a oeste de onde eu estava.

O fim de tarde foi chegando devagar, preguiçoso, eu continuei minha velejada e vagarosamente a noite caiu na represa, muito escura por sinal pois não havia ainda lua. Isso eu devo à aviação, o escuro não me assusta mais, continuei minha velejada pois o objetivo ainda estava relativamente longe. Eu planejava a forma que alcançaria o meu fundeadouro pois não tinha noção exata se poderia entrar mais na baia, não conhecia bem o local então senti que estava um pouco afastado de onde eu realmente deveria estar mas por segurança, me mantive ali mesmo para fundear.

Minha vista da cidade já a noite
Demorei quase 1:30h para chegar, já eram 20h quando baixei o ferro (a âncora), ela unhou o fundo e comecei a arrumar as coisas. Baixei as velas e as amarrei, verifiquei mais uma vez a área para procurar os pontos notáveis e percebi logo que estava sim, bem localizado. Preparei um bom lanche, comecei a ler um livro, coloquei o relógio para despertar em 3h para ter certeza que a âncora não estava garrando e.... apaguei!


Arrumando a cama para dormir, cansado!

Dormi bem. As 3h da manhã, muito depois do relógio ter tocado, eu acordei com um barulho do vento nos brandais, olhei pela janela e vi relâmpagos ao fundo, decidi que talvez tivesse que me abrigar um pouquinho mais e entrei na baía a procura do tal píer. A essa hora a lua que era crescente já tinha surgido no horizonte e havia alguma luz então encontrei logo o tal píer e fiz a manobra e amarração. Pronto, mais umas horas de sono, só que por ter ido dormir tão cedo esse soninho não veio...

As 5h da manhã tinha um vento noroeste, muito fraco, mesmo assim, resolvi zarpar e passear pela represa ainda escura. Fui ganhando a represa, passando pelo largo da Ilha dos Amores em direção a Ilha dos Eucaliptos, a singradura era ótima e eu pude avançar lentamente para o sul da represa. Com o nascer do Sol o vento cessou, acionei o meu velho Johnson e levantei a quilha, fui passear para conhecer um pouco mais de locais que durante o ano passado estiveram cheios de algas impossibilitando a entrada de veleiros com quilha como o meu. Quando, já na proa das Ilhas Carecas, o motor parou, pane seca! Rapidamente eu fiquei coberto de mosquitos branquinhos, pareciam filhotes de mosquito, eram milhares, a água em volta estava coberta deles. Tratei de procurar a bombona de gasolina mas eu tinha menos de 1 litro então decidi que mesmo com pouco vento, eu iria voltar no pano mesmo.

Lindo nascer do Sol velejando

Vi os primeiros barcos de alumínio as 7h da manhã, eram pescadores curtindo o início do dia, eu já estava velejando a umas 2h e o SPYC ainda estava longe. O Sol entrou forte e o vento mudou para noroeste, o que me fez orçar até o clube. Cheguei por volta das 08:30h e com muito sono, decidi que precisava dormir mais um pouco, como o barco ainda estava cheio de mosquitinhos, eu decidi fundear bem em frente ao clube com o vento noroeste para me ajudar a "expulsar" os intrusos.

É incrível a curiosidade das pessoas, me fizeram rir pois várias vezes enquanto tentava pegar no sono. Percebi lanchas, pessoas remando de stand-up e até alguns veleirinhos passando pertinho do meu barco para ver o que tinha lá dentro. Todos davam uma boa espichada no pescoço para ver se enxergavam alguma coisa, que decepção, era só eu dormindo. Como tinha combinado com alguns amigos a me encontrarem ali, fiquei preocupado e nem dormi bem. Resolvi zarpar novamente e fazer a amarração no píer do clube e isso já eram 10h.

Eu e o Neto no píer do SPYC

Pronto, tinha feito tudo que eu queria e mesmo com algum sono, estava feliz da vida, pois mais uma etapa  estava cumprida: velejar a noite em solitário, uma experiência deliciosa!

Se você tem dúvida que dormir no barquinho que você tem é possível, eu já vi gente em saco de dormir em cima do deck, portanto, vá em frente, use o seu barco ao máximo, é diversão garantida!

Fazendo um sumário de distância, eu percorri aproximadamente 9NM a uma velocidade de 3kt, nada mal considerando uma quase ausência de vento.

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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Vendendo um barco... Carta ao Angelo.

Prezado Angelo, como vai?

Escrevo essa carta para você como uma forma de transmitir um pouco daquilo que vivemos no nosso Snipe amarelinho, é uma responsabilidade que tenho com você.

 Snipe Amrelinho no SPYC


Eu aprendi a velejar aqui na Guarapiranga, foi então que decidi comprar um barco e descobri esse Snipe, escrevi um pouco aqui num post:  Escolhendo um Barco xiii, . Não pensei muito e comprei-o, posso te dizer que foi um grande acerto. Através desse barco eu conheci umas pessoas que são figuras! Também aprendi a velejar menos pior, rsrsrs!

Agora, veja só, você veio e levou o barco! Não sei se te disse mas eu coloquei o barco a venda em setembro de 2014. Foram vários e vários telefonemas, pessoas querendo trocar motos, carros, carretinhas, etc e poucas pessoas que realmente vieram ver e velejar o barco. Mas barco é assim, sempre tem alguém que vem e leva. Foi o que fizemos também quando o compramos.



Vou te explicar porque eu quis vender esse nosso Snipe Amarelinho: um dia meu filho me perguntou com a gravidade de seus 3 anos: "papai por que você não gosta de me levar para passear na represa?" Pronto, estava decidido, o Snipe não era o barco certo para essa família... Simples assim. Um veleiro monotipo de bolina com a performance do Snipe não é um barco para colocar uma criança de 3 anos e sair para velejar, pelo menos não na minha opinião. Estava decidido que precisávamos de um barco maior!

Um dia, olhando sem pretensão nenhuma os anúncios do clube descobrimos um Delta 17. Não vi muitos outros barcos, nem fiquei procurando outras soluções, apenas vimos e compramos o Yere. Posso dizer que adquirimos uma história, um estilo de vida, veja esse post: A Compra do Yere Desde então já velejamos nesse gracioso barquinho muitas e muitas vezes. Já fomos até entrevistados pela revista "A Bordo" na nossa mini-casa/acampamento/flutuante. Passamos a noite nele, fizemos passeios numa ilhazinha com praia que temos aqui na represa e sinto que temos muitas aventuras pela frente!

O Snipe, tadinho, ficou ali empoeirado. Tentei mante-lo velejando por uns 5 meses e percebi que o veleiro não é só um pedaço de fibra moldada e um mastro com velas. Não são só cabos ou roldanas. O veleiro é uma entidade que busca você para ir à água, é uma força que acalma ou te despeja adrenalina, é a quebra da rotina do dia a dia. No veleiro você se realizará como ser humano que participa e se funde com a natureza através do ar e da água, mas para isso, ele precisa ir para a água!

Foi então que você chegou derrepente, não avisou nada, eu estava com alguns compradores potenciais por perto e de uma hora para outra, quando da sua ligação eu sabia que esse barco tinha um novo dono. Não pelo valor negociado, não por não ter outras oportunidades de venda mas sim pela maneira decidida que um verdadeiro dono de barco fala com o vendedor. Você chegou e sem titubear, comprou o barco. Eu tenho que te avisar: na verdade você e sua esposa adquiriram um sonho, um estilo de vida e junto uma grande responsabilidade que é a de cuidar desse barco, ele precisa muito ir para a água, precisa de participar de competições ou fazer velejadas folgadas de fim de tarde, onde bons papos entre vocês irão acontecer. Angelo a sua responsabilidade aumentou pois quando nos desfazemos de um barco colocamos uma esperança de que o comprador o trate melhor do que nós pudemos tratar.

Fechando o negócio!

Eu vi o Snipe indo embora, foi um misto de alívio, alegria e saudades. Foi o meu primeiro barco, aquele que eu aprendi algumas poucas coisas que me são úteis hoje. O meu Snipe amarelinho vai sempre ser lembrado com muito carinho e agora, passo ele para as mãos de um novo amigo. Desejo que você tenha muitos bons ventos!!!

Angelo e Kiko saindo do SPYC

Meu amigo Angelo, seja feliz!

Bons ventos....

domingo, 26 de abril de 2015

Aquela virada que nós nunca esqueceremos (Snipe)

Alguns amigos me pediram, então tirei uma história já velha (vão-se 2 anos) sobre um veleiro que virou em um dia frio com dois Manzas....

Existe o velejador que já virou o barco e o que ainda vai virar!! Pelo menos para aqueles que velejaram de monotipo de bolina...

Meu snipe amarelinho

Virar o barco é parte do aprendizado, é parte de se entrosar com o meio que estamos, ok ok ok... tudo isso eu já sabia, até...

Era uma tarde fria, dia 15-05-13 e chamei o meu pai para passearmos no Snipe. Eu tinha acabado de adquirir o barco e estava com a adrenalina a mil, afinal, nada como ter o seu próprio barco!

Fomos para o SPYC, era uma tarde daquelas típicas de outono/inverno, frio, encoberto e com um chuvisco que ia e vinha... com essa boa meteorologia, imagine se haveria viva alma na represa! Ninguém!

Eu, parecendo o maior expert em Snipe da face da terra, fui mostrando os meus (parcos) conhecimentos para o meu pai que tinha velejado somente uma vez, em Miami, em um veleiro oceânico e não tinha gostado (como?).

Montamos o barco, colocamos todos os apetrechos, coletes, etc e fomos para a água. Percebi que o cabo da bolina estava comprido demais, então pensei: ok, resolvo na volta! Olhei o leme e vi a madre (parte superior) com uma rachadura que já havia percebido nos dias anteriores, mas também não dei muita importância. E como na minha máxima: barco não é avião, então não precisa de ajustes imediatos, fui para a água com o papito!

Saímos com o vento sul, fraco, talvez beirando uns 8 nós. Fomos passeando, por vezes escorando, dando alguns bordos, outras vezes dentro do barco pois havia alguma rajada (pelo menos eu penso que havia, kkkk). Passamos pela Ilha dos Amores, bem de pertinho... lindo mesmo num dia cinza daqueles!

Ilha dos Amores, foto do Google

Ahh, pensei, mesmo tarde (já eram perto de 15:30h) vou dar uma navegada até a Ilha dos Macacos (ou Eucaliptos) e lá fomos nós... com frio pois a temperatura não passava de uns 16 graus! Nesse dia, a represa era nossa, não havia ninguém para incomodar.... ou ajudar....

Ilha dos Eucalipitos, foto do Google

Ao chegar perto da ilha, o vento aumentou, comecei a escorar junto com meu pai... percebi então que o barco começava a orçar mais e, pensando que o vento estava mudando de direção, algo fácil de acontecer quando se está perto da terra, no caso, da ilha... fui arribando devagar, só que em vez do barco obedecer, entrei de uma vez na área morta *de frente para o vento! Tchibummmmm, caímos na água, o barco virou... eu já acostumado, fui para a popa do Snipe mas o meu pai, ainda um marinheiro novato, escorregou para debaixo da vela... com o colete empurrando ele para cima e a vela empurrando ele para baixo a situação ficou desesperadora!

Barco emborcando, foto do Google

O barulho intenso dele tentando sair daquela situação, preso embaixo da vela e eu, com um sentimento de impotência pois se eu me aproximasse poderia acabar tão mal quanto ele, fiquei preocupadíssimo!!!! Quase tive um treco! Ele finalmente sai de debaixo da vela, cuspindo um monte de água e também muito assustado!

Pronto, estávamos ali, os dois na água. Logo que ele saiu de debaixo da vela, o barco começou a emborcar, naturalmente eu já estava me preparando para desvirar o Snipe, foi quando passei a mão pelo vão onde a bolina deveria estar e? NADA! Não havia bolina para fora do barco. Passei a outra mão por debaixo e veio o frio na barriga que já estava fria com a água gelada... nada de bolina, nada de cabo de segurança... eu estava ali, no meio da represa, com meu pai assustado, sem a mínima possibilidade de desvirar facilmente o barco! Lembrei do meu celular (um iPhone 3GS novinho) que eu carregava numa bolsinha a prova d'água (?), quando tirei ela de dentro da água... ouvi um tzzzz, pá bum.... era o celular dando um curto! Ótimo, agora sem comunicação também.

Pensamos em nadar até uma margem e esperar por socorro, só que a margem era lá longe... e como estava muito frio, estávamos ficando sem forças.

Nesse momento, comecei a tentar lembrar do que havia ocorrido, já se passavam 30 min que estávamos na água e o frio já fazia algum efeito, eu estava cansado, frustrado e preocupado! Fiquei olhando o barco e vi o leme, ele estava torto com o eixo longitudinal. Eu percebi então que a madre estava cortada pela cana, ela havia rompido. Estava ali a provável causa da orçada que eu dei em vez de arribada, o leme estava rompido com uns 5cm da superfície rachada, não adiantava muito saber disso, mas era esse o problema!

Meu pai então deu uma idéia, que tal passar o cabo de reboque em torno de um dos fuzis do barco e fazer um contra-peso levantando ele, talvez desse certo! Foi o que fizemos e pumba, o barco desvirou! Pronto, que felicidade (que duraria pouco). Faziam 45min que estávamos na água gelada e agora com o barco desvirado! Ótimo!!!!

Barco desvirando, foto do Google

Ótimo???? Não, não conseguimos entrar no barco. Nem meu pai nem eu temos um bom preparo físico, o barco tem uma lateral alta e estávamos a 45˜50min dentro da água, cansados e com frio. Não conseguimos entrar, mais uma frustração! Para piorar a situação, o vento virou para noroeste e o barco começou a andar.... sozinho.... o vento era fraco o suficiente para não virar o barco! O meu pai, logo se soltou de uma das laterais do Snipe, eu consegui pegar o cabo de reboque que corria a minha frente (tenham sempre um cabo de reboque de nylon, ele boia). O cabo me arrastou por um bom trecho até o barco encarar o vento e parar... chamei o meu pai e ele só disse: "Nada até a margem e busque socorro" eu estava muito frustrado, preocupado... a minha energia baixa... não consegui ter uma reação rápida, então, descansei um pouco e assim que comecei a nadar vi um JetSky vindo em nossa direção.

Era uma visão do paraíso, um Jet em nossa direção, nessas alturas era a única embarcação que havíamos visto em um longo período de tempo. Na linha da água eu não enxergava mais o meu pai com as pequenas ondas que se formavam, mas havia marcado mais ou menos geometricamente onde ele estava. Acenei para o Jet e vi que ele via em minha direção. Era um casal! Fiz sinal para ele ir até onde eu supunha que o meu pai poderia estar, já fazia alguns minutos que eu estava nadando e não tinha certeza da posição. O cara do Jet entendeu o recado mas fez um sinal que não via nada... pronto, bateu um desespero, será que ele tinha se afogado? Será que estava perdido na água ou tinha ido para uma margem?

Vi o Jet vindo em minha direção, não me sentia nada feliz, mas derrepente o barco da SABESP começou a mudar o rumo habitual na direção em que eu achava que estava meu pai e o cara do Jet mudou abruptamente a proa e foi naquela direção também.. ufa! De longe, muito longe, vi ele subindo no Jet e vindo para onde eu estava, que alívio!

O meu pai, ainda levou um tombo antes de entrar no barco mas quando o vi lá dentro, não tive dúvida, esse dia entrava para o top ten das minha memórias. O cara do Jet também me ajudou a entrar e pronto, não tive nem tempo de agradecer, ele sumiu como apareceu. Acreditem em anjo da guarda, eles existem!

Arrumamos a casa, baixei a vela para ter tempo de descansar, coloquei o leme no lugar e percebi que eu tinha algum controle para a esquerda (bombordo) e nada para direita (boreste). Deixei o barco derivar até o Clube de Campo São Paulo. Logo que chegamos na margem, paramos e avaliamos a situação: era impossível velejar naquela condição, não tínhamos bolina, quase nada de leme e o vento tinha rondado para o quadrante noroeste (de frente para o barco). Deitamos na grama para tentar recompor as energias e logo veio chegando um segurança. No começo, ele ficou meio desconfiado mas logo entendeu que não estávamos invadindo a área do clube, só queríamos ajuda!

Chamaram então os marinheiros, muito simpáticos, que vieram com um bote e nos rebocaram até a náutica do clube, no caminho, um deles disse: ahhh vimos vocês lá no meio, mas nem pensamos em ir até lá (legal né?). Mais tarde chegou o sr. Alcir, no bote do SPYC para fazer o reboque. Eram 17:30h e as 17h ele já havia colocado o barco na água pois achou estranho que não havíamos voltado, aí sim, se sabe quem é o marinheiro da estória.

Chegamos no clube, cansados, eu estava extremamente frustrado mas com uma clareza muito grande de como eu queria que as coisas fossem dali em diante:

1. checar o barco faz parte da velejada, mas checar e não arrumar não adianta nada
2. o problema do cabo da bolina poderia ter sido facilmente resolvido, ter adiado isso custou caro (outra bolina) e poderia ter se tornado um acidente
3. quando tiver algo que não conheça bem, como um leme rachado, não abuse
4. colete salva vidas sempre, ter uma enxárcia (corda em forma de escada) é útil
5. um meio de comunicação eficaz será sempre bom, um celular a prova d'água ou uma capinha que tenha sido testada antes, meu iPhone já era
6. tenha calma, não tente perder toda a sua energia em vão se cair na água gelada, tente usar a cabeça logo que cair pois depois, com o frio, tudo fica difícil
7. avise a hora que vai voltar, isso pode ser fundamental no seu salvamento
8. não se afaste do clube se tiver: pouca experiência OU barco em mal estado OU gente sem experiência contigo
9. confie no anjo da guarda mas tente não ter que contar com ele
10. finalmente, VELEJE, pois se você não se arrisca um pouco, se não entra nas diversas condições de tempo, de tripulação, do barco, nunca vai aprender a sair das situações!

Eu aprendi muito nesse dia, aniversário de 3 anos do meu filho, por isso ficou tão marcado! Eu percebi que barco realmente não é avião e a represa não é o céu, mas guardadas as devidas proporções, nada como respeitar a natureza, seja no ar ou no mar...


Bons ventos marujos!!!!


terça-feira, 17 de março de 2015

Regata de Abertura 2015, o Grande Baiu em novas trapalhadas!!!!

E começa o ano das velejadas na Guarapiranga, Regata de Abertura 2015! E como nós fomos???? Divirtam-se abaixo!

Foto: site do SPYC

Em 2014 nós participamos da nossa primeira regata de abertura e foi muito divertido, quer dizer, muito atrapalhado e na ocasião escrevi o texto: Regata de Abertura 2014, o Snipe trapalhão!!! Como já havia dito lá, carnaval que nada, o ano começa depois da Regata de Abertura! Essa regata tem sede no nosso clube, o SPYC, que é o clube mais antigo aqui da Guarapiranga e por isso abre a temporada de disputas.



Esse ano a Regata de Abertura aconteceu no dia 01 de Março, um lindo Domingo com um tempo bom e vento Sul. Eu e a minha capitã de vela ar e mar, nos arranjamos, deixamos as crianças com a vovó Jô e saímos rapidinho para o clube!

Arrumamos o barco, tiramos todo o peso extra, coisa que nunca fazemos, então ficaram em solo todas as velas que não usamos normalmente como a buja, uma mestra sobressalente e o balão (que nem sabemos usar ainda), também ficaram a âncora, cabos e o nosso querido belguinha de 32 anos... o Johnson! Com o barco levinho levinho fomos para a água...

Johnson, Belga, 4hp, 87cc 1982

Muitos barcos estavam presentes, acho que uns 120 mais ou menos, o nosso Delta 17 (ou Tchê) ali no meio da bagunça! O dia estava quente mas ventando bem e nós muito empolgados!!

Cruzando com outro barco na raia

Fizemos a linha de partida direitinho e quando escutamos o rojão largamos e largamos bem... mas alguma coisa estava errada, todo mundo estava indo para um lado e nós para outro, como assim? Largamos praticamente junto com aqueles que não largaram escapados mas estávamos escapando para tudo quanto era lado e ficando para trás. Rapidamente demos um bordo para tentar fazer algo melhor e até conseguimos acompanhar um pouco alguns Marrecos que tinham largado perto da bóia. Nós largamos por dentro, perto da Mulatinha barco da juria e foi uma estratégia certa mas algo estava errado, muito errado!

Fazendo a linha, muitos barcos

Com o aumento do vento que era sul, tentei navegar o mais espetado possível, mas por diversas vezes a buja arribava o barco, perdendo a posição ideal. O ângulo dos outros barcos era muito melhor que o meu, comecei a pensar e conversar com a Mari para ver o que poderíamos fazer. Primeiro tinha que arrumar essa questão do ângulo, eu já estava praticamente no lago do YCP e sozinho, bom, tinha um Marrequinho mas ele estava tão despreocupado que não conta.

Nós ainda junto de outros barcos

Vento mais forte, que saudade da buja, eu com a genoa não conseguia espetar mais, a mestra bem regulada para o vento forte, mas a Genoa atrapalhando, tivemos que dar mais um bordo e quando já estávamos vendo os barcos lá perto da primeira bóia, nós ainda estávamos na Ilha dos Amores, que horror!



Dando um bordo desesperado e atrapalhado!

Bom, aproveitamos para curtir e dar risada de nós mesmos, afinal, nesse momento éramos os penúltimos, o Marreco despreocupado ainda andava atrás de nós, mas não por muito tempo! Fizemos a primeira bóia, muito, mas MUITO atrás de todos. Um Star virou, estávamos tão longe dele que vimos tudo, ele virando, o resgate e a desistência. Acho que foi algum problema com o balão e depois algo quebrado...

MUITO atrás dos outros barcos

Navegamos tranquilos e fizemos a segunda e terceira bóias, depois foi só rumar, solitariamente até a chegada, rs, foi uma trapalhada só e como aquele Marrequinho nos abandonou logo na primeira bóia, fomos os últimos a passar a linha, FECHAMOS A RAIA pela primeira vez, alguém tinha que ser último, precisava ser o nosso barco?

Eu e a Mari, felizes até em último

Algumas experiências:

 - não adianta ficar no melhor lugar, fazer a melhor largada se a vela é uma genoa e deveríamos estar com uma buja
 - já que o ângulo que conseguíamos manter era péssimo, deveríamos ter dado a menor quantidade de bordos possível, não foi o que fizemos
 - dar risada, afinal, somos Manzas e como bons Manzas, temos que nos aceitar, rs
 - alguém tem que fechar a raia, então que sejamos nós, mas desistir nunca!

Acho que, na verdade, faltaram os nossos dois pequenos que sempre nos dão sorte, sentimos falta deles, afinal, nosso barquinho é nosso pequeno lar na Guarapiranga!!!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Volta da água na Guarapiranga! Família, vamos de Grande Baiu!

A água voltou!!!!

Como eu já tinha explicado no meu post anterior Vamos celebrar a água voltando para a GuarapiLAMA!!!, a represa foi a níveis baixíssimos e nas últimas semanas voltou ao seu nível normal. São Pedro deu uma ajuda, a paulistada economizou e agora podemos velejar!!!!

Domingo, dia 21/02/15, dia lindo de Sol com um ventinho de sul... opa, de norte... opa de noroeste... opa de oeste... opa de leste... opa, de qualquer lado! Não importa, a represa está com 57,2%, melhor que a minha última empreitada em Setembro/14... acordo a criançada logo as 08:30h da manhã com um: "vamos velejar pessoal?" foi surpresa e ninguém esperava o convite, nem a patroa! As 10h já estávamos saindo de casa todos muito animados!!!

Arrumamos o barco, tiramos as folhas e as teias de aranha que insistem em passear conosco! Por dentro, ainda estava bagunçado mas rapidinho colocamos as coisas em ordem. As crianças não queriam nem brincar no parquinho, elas estavam preferindo ficar no Grande Baiu apesar do calor de uns 30 graus. A Manu deu até um show de choro pois achou que eu iria sair sem ela, legal, vela na veia das crianças!!!!

Barco pronto, conversamos com os amigos e bora para a água. Acionei o motor para ver se tudo ok - sim, pegou de primeira (estranho...), como o vento rondou para leste, abri a mestra toda, o Neto e a Luana (blog HC16 Neon) deram uma ajuda para soltar as amarras e lá fomos nós... que delícia sentir o ventinho novamente, o barco deslizando na água da represa, quilha embaixo sem pegar no fundo, fomos ganhando distância, uma delícia!

Nanni curtindo a velejada, garoto estiloso!

O sol estava fortíssimo, como se fosse o dia mais quente do verão, temperatura alta... protetor a litros, boné e óculos escuros, crianças só com roupa de banho e... derrepente.... cadê o vento! Pessoal, quando acaba o vento acaba a graça, começa um calor que se multiplica, é exponencial! Dá vontade de mergulhar na hora... mas o barco, mesmo com um mínimo de vento, anda um pouquinho e então fiquei ali cozinhando... hora então de acionar o motor! E lá vamos nós, uma tentativa e puf puf puf... outra tentativa, puf puf puf... 5 tentativas e muitos pufs! Desisto!

As crianças, mortas de calor, saem só de colete e roupa de banho, começo uma brincadeira legal de encher de água um baldinho amarrado em uma corda e jogar neles! Enchemos o barco e conseguimos fazer até uma piscina! Felicidade total! É claro que levei uns bons banhos. A Mari se escondeu lá dentro, apesar do calor, nada de se molhar!

Barco todo molhado e crianças tostando

Derrepente, pluf, bem na hora que entra um ventinho mais forte o baldinho solta da corda! Nanni já diz: "vamos poluir a represa", que nada, invento uma operação resgate e todo mundo topa! É Manu ajudando a mamãe com um remo para pegar o balde, Nanni no visual para me guiar na manobra e eu no leme! Em alguns minutos o baldinho volta a bordo e agora bem amarrado com uma lais de guia, não vai soltar tão cedo!

Lais de guia

Preparei uma supresa para o pessoal, parar na Ilha dos Amores, que é uma ilha bem no meio da represa, pequenininha, com o seu lado norte de areia e sul de pedras e para a a saúde do barco, chegamos pelo lado norte! Encalhei e fomos descendo todos, depois foi só inclinar um pouco e colocar a âncora com uns 10m de cabo para o barco ficar lá enquanto nos divertíamos na praia!

Curtindo a Ilha dos Amores!

Quando as crianças cansaram, começamos a preparar a volta! Puxei o barco e levei um a um lá para dentro, aproveitei a escada e subi a bordo! Voltamos para o clube, os pequenos descansando na cabine, eu e a Mari aproveitando para conversar e apreciar a represa! Resolvi então ligar o motor, brincando disse: motor de barco a vela só funciona quando não precisa (e era a situação ideal pois tinha vento então não precisaríamos dele para nada) e não foi que o safado acionou!!!! Grrrrr, comprovada a teoria, deixei ele ligado por uns 20min e nem uma engasgada! Vai entender!

Paramos no clube e fomos aproveitar a piscina, o sol e o novo restaurante! Pronto, voltamos para a nossa melhor diversão de fim de semana! Que delícia!!!!

Daqui a pouco tem a regata de abertura, conto mais na próxima postagem!

Não deixem de ver os posts antigos, tem muita coisa legal!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Vamos celebrar a água voltando para a GuarapiLAMA!!!

Celebrando a volta da água!!!

Pessoal, a água está voltando para a Guarapiranga! Eu já havia até colocado um apelido carinhoso para a situação seca da represa: Guarapilama, mas agora vou ter que retirar!

O Delta 17 (ou Tchê, ou Yere, ou Grande Baiu, ou Grande Baiu 2) não vai para a água desde finalzinho de Setembro/14. Essa foi a última vez que saí com a minha prima e a filha dela e foi uma aventura. O vento era sul e de intensidade forte para a represa, rajadas e até umas ondinhas. Foi divertido mas o barco pegou a quilha (recolhida, calado de 60cm) no fundo muitas vezes, decidi que era hora de parar pois o caminho levava a um prejuízo que eu não estava afim de ter.... Eram 52,1% de volume e já começávamos a ter problemas então...

As crianças foram a última vez em Agosto/14, imaginem, loucura por velejar, me cobrando todos os dias desde então!!!!

Eu e a Jana no ventão

Passou o tempo, a represa chegou a parcos 33,4% de volume, o Grande Baiu ficou no seco, descansando por algum tempo!!!

Começou a chover, todas as tardes, eba, a represa chegou em 53,4% em 15/02/15 e então me aventurei no "Al Gazarra", um Laser do SPYC que fica a disposição dos sócios.

Al Gazarra

O barco, bom... o barco é um Laser, para quem conhece já sabe como é. Eu, bom, eu sou eu e nem eu sei como sou, mas uma certeza: sou Manza, rsrsrsrs

Primeiro apanhei um pouquinho, mas só um pouquinho, para montar o barco. Mandei uma mensagem para um amigo do Blog do HC16 Neon que me deu umas dicas, ele já montou o barco algumas vezes e deu certo.

Com o barco montado, olhei o vento, noroeste com rajadas, rondando para oeste. Opa, a velejada iria ser divertida, e foi!

Saída com vento bom, algumas vezes ainda dentro do canal o vento rondou para oeste e o barco dava uma paradinha, nada que não se resolva com uns bordos, lembrando que o canal está ainda estreitinho, saí fácil e fui passear, uma delícia!

Não capotei nenhuma vez, dei uns bordos e uns gybes prá lá e prá cá (redundante isso, afinal se é bordo e gybe, é para lá e para cá). Na volta, sempre nela, entro no canal e o vento ronda para Oeste novamente, kkkk, da-lhe acelerada bem na hora de parar. Eu dei um "cavalo de pau" e parei bonito o barco - YESSS, mais um barquinho para conta....

Eu e o Al Gazarra

Daqui a pouco é colocar o Grande Baiu na água.... E que venham as chuvas! Hoje vou dormir feliz.....

Bons Ventos!!!1

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Viagem ao Uruguai, 3 gerações, 4.300Km de carro e muita diversão! Parte 2: São Lourenço do Sul até Punta del Este

Continuando a postagem anterior, saímos de São Lourenço do Sul logo cedo, o objetivo era ir até o Chuí, extremo sul do Brasil.

A viagem não é tão longa, são apenas 327Km, talvez a estrada mais linda que já viajei. São muitos os arrozais, pequenos braços de rios que encharcam o solo e criam condições ideais para a cultura do arroz. Muitas vezes nós vimos grandes silos... o melhor visual até aqui, sem dúvidas!

Na saída de São Lourenço, que foi tardia pois estávamos curtindo o clima e a preguiça, o Giovanni continuava muito cansado do dia anterior com brincadeiras no parquinho e com a "gurizinha", então, logo dormiu no carro. Nós aproveitamos para andar. A estrada tem longos trechos retos e sem nenhum apoio. Trechos de mais de 100Km sem um posto de gasolina para abastecer (de combustível e de qualquer alimento). Como anteriormente, muitas obras e muitas demoras, uma viagem que era para ser de 4h demorou quase 7h, o Nanni, nada, recarregando baterias!

No Chuí temos toda a parte de documentação para fazer antes de atravessar a fronteira e ir para o Uruguai. Aqui vale uma ressalva, vejam bem a documentação para não ter problemas no após a fronteira. Muitos brasileiros atravessam sem ter um seguro que é obrigatório por lá, não raro são os casos de problemas com a polícia por causa disso!
Parece que atravessar a fronteira é algo assim, diferente, emocionante... no Chuí é só passar uma rua! rsrsrs

Como chegamos tarde, quase noite, pudemos apenas aproveitar um pouco da piscina gelada e do pequeno parquinho do hotel e fomos para a cama. O Nanni, apesar do super sono, acabou dormindo bem cedo, o próximo dia prometia, afinal, seria a entrada no Uruguai.

A passagem pela fronteira é sempre algo emocionante, afinal estamos entrando não só num outro país, estamos entrando em outra cultura, outro clima... Foi isso que desejamos passar para o Nanni e depois de muitos meses, percebemos que foi o que ele guardou.



O Uruguai que o Giovanni queria conhecer estava chegando. Primeira parada: Punta del Diablo. Talvez o lugar que mais ficou gravado em sua mente e, realmente, é um paraíso, eu achei maravilhoso. Por muitos meses ele falou daqui!

 Nanni e vovô em Punta del Diablo

Um beijo de "obrigado" vovô

Papai, olha o mar!!!!

Saímos com uma fome danada pois já faziam horas que estávamos no carro, paramos em um restaurante no meio do caminho e encontramos uma caixa registradora SUPER antiga, então resolvemos tirar uma foto:

Nanni e a caixa registradora

De Punta del Diablo, fomos seguindo para Punta Del Este, no entanto, no meio do caminho passamos por um lugar chamado Cabo Polônio. Não era uma idéia inicial parar, mas já que passávamos, resolvemos ir conhecer. Para chegar, só numa espécie de caminhão Jeep 4x4 bem antigo, chamei de Jeepenhão! Só pelo passeio nesse caminhão, já vale a aventura!

 Nós no jeepenhão

E é claro, achamos um parquinho!!!!

Nanni no parquinho hippie

Farol controlado pelo exército 

É um lugar pitoresco, meio hippie, sem água encanada ou luz. Todas as pequenas pousadas, ou albergues, eram nos fundos das casas e como havia chovido a pouco, estava tudo enlameado.

 Leões marinhos ao fundo

Jeppenhão

Voltando para a estrada

Agora é hora de rumar para Punta Del Este. Viajar no Uruguai é fácil já que as estradas são boas e há muita sinalização. A paisagem não muda muito, mas passamos por lugares lindos.

Punta Del Este é um lugar maravilhoso, não deve nada a muitas cidades que conheci e lembra um pouco Miami com restaurantes sofisticados e gente falando espanhol (isso! Pois nunca vi tanta gente falando espanhol como em Miami).

Calçadão beira mar

E é claro, fomos passeando na direção dos veleiros que ficam parados por aqui, muitos vem de lugares distantes como Estados Unidos, Caribe, Europa e até Africa do Sul...

 Clube Nautico

Uma coisa interessante que observamos foi que podemos acessar todos os lugares, ver todos os barcos. Fica tudo ali, aberto, sem problemas! Não vi um segurança ou policial nesse local... quando fui na Marina da Glória visitar o veleiro Matuto, quase tive que deixar a calça e passar por um scanner corporal. Que diferença....

Veleiros em poitas

Passeando mais, encontramos uns amigos folgados (e fedidos) rs, o Nanni ficou num misto de medo e curiosidade!

Leões Marinhos

Será que o Nanni ficou com medo do tubarão na entrada do museu de aves e peixes?

Museu da vida marinha

Para variar, como o dia estava estranho, achamos um belo parquinho, tudo muito bem cuidado!

Parquinho

Nanni encontrou um outro garoto e na língua universal da brincadeira, curtiram uns bons momentos juntos!

 Parquinho com amigo

A praia de Punta Del Este é muito bonita, mas também com muita sujeira na areia. Tem de tudo um pouco, cacos de vidro inclusive! Tomei muito cuidado para não pisarmos em nada!!! Mas foi ótimo, o lugar é muito lindo!

 Que vista!!!

Curtindo o visual com o vovô

 Vamos brincar na areia?

 Fim do dia mas não do pique!

Ficamos 3 dias em Punta Del Este, com direito a muito Sol, praia e bons passeios! Vale a pena dar uma conferida nesse lugar pois segundo o Nanni: "Não quero mais ir embora, você vai, busca a mamãe, a Manu e a vovó que vamos morar aqui!" Oba, eu quero!!! rsrsrs


Pôr do Sol em Punta, que espetáculo

Agora falta chegar em Tarariras, mas isso eu deixo para o próximo post! Até aqui foram 1.978Km que se tivéssemos feitos sem paradas levariam 23:38h