quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Voltamos, agora velejando em outros mares!

Voltamos!!! Depois de um longo tempo em que muitas coisas aconteceram, coisas incríveis que vou compartilhando aos poucos.

Primeiro e mais importante, continuamos velejando, só que agora no mar verde turquesa chamado Golfo Arábico ou Golfo Pérsico e seja o nome que for, é simplesmente um lugar lindo.

Four Seasons Luxury Marina
"Vocês não estavam velejando na Guarapiranga em SP? O que estão fazendo ai do outro lado do mundo???" Estamos em Doha, capital do Qatar, uma península no Oriente Médio banhada por esse lindo mar. Aqui o vento é forte e a velejada é sempre boa apesar do calor no verão e da chuva e frio no inverno (sim, no inverno chove!).

Dhow, barco típico do Qatar, usado para coletar pérolas
Em agosto de 2016 sai do Brasil depois de circunstâncias difíceis: violência, falta de perspectivas no trabalho, pouco dinheiro.... tudo que o brasileiro já sabe como é de trás pra frente. Assim, durante alguns meses eu fiquei muito envolvido com o novo trabalho já em Doha e foi difícil navegar, mas a vela é impossível de deixar e então sempre estive em busca de colocar o pé na água e a cara no vento.

A primeira velejada aconteceu 3 meses depois que cheguei, já em Novembro de 2016, num antigo Catalina 22. Barco americano bem conhecido por ter muitas unidades e ser muito divertido. Pois bem, naquele momento eu estava com quase uma necessidade vital de comprar algo que flutuasse e tivesse velas, então cheguei muito perto de fazer um negócio de parceria nesse barquinho mas me desencorajei. Ele é filho único e órfão, sem nome, data de fabricação ou qualquer registro. O proprietário é uma pessoa bacana mas com pouco conhecimento e logo que entrei vi muitos problemas que custariam caro para se arrumar por aqui. Foi uma aventura sair com ele algumas vezes mas decidi encerrar a busca por um barco e optei por alugar, participar de aulas e fazer parte do clube de vela local, mas isso conto depois.

A mudança de trabalho foi enorme e agora piloto um avião que vai para todos os cantos do mundo e como os voos são longos, entre 12h e 16:30h, as folgas são sempre compridas me permitindo ter tempo livre para velejar semanalmente.

O fato de trabalhar voando por aí facilita a vida de velejador e como vôo para aos quatro cantos do mundo sempre acabo numa loja de vela e confesso, acabo comprando coisas que não preciso... o maior exemplo foi uma churrasqueira que tive o maior trabalha para levar  de Los Angeles para Doha e depois para São Paulo, foi a churrasqueira que mais voou no mundo, ela sozinha tem umas 32h de voo! E não foi só isso, comprei cabos, coletes, luvas, etc... acho que só falta um barco! Bom, pelo menos o churrasco ficou ótimo!









Numa dessas viagens eu fui parar na Nova Zelândia, um lugar maravilhoso para quem tem vela no sangue. Aqui você encontra de tudo: museu, marinas, velejadores, lojas.... Você já pensou em velejar um barco da Americas Cup? Eu nunca pensei, mas olhe a foto ali embaixo, SIM!!! Em Auckland isso é possível e por um preço super acessível, foi uma experiência que nunca vou esquecer, me senti um velejador de verdade! Esse se tornou um dos meus destinos prediletos apesar de ser um pouquinho longe, Doha-Auckland é o voo comercial mais longo do mundo com quase 17 horas.

Explorer, Auckland/NZ
Mas e o Grande Baiu? Bom, a parte mais triste de deixar o Brasil foi deixar meu pequeno Tchê/Delta 17 para trás. Com 33 anos, muita história passou por baixo do seu casco e a minha felicidade com ele era tanta que passei dias angustiado com a idéia de vende-lo. Tinha uma sensação de que seria abandonado em um cantinho de algum clube ou marina por aí e deterioraria até chegar a um triste fim, foi quando a Mari teve uma idéia: que tal oferecer para um amigo que soubesse aproveitar suas qualidades???  Foi o que fiz e deu certo, ele continua no SPYC e navegando pela Guarapiranga, sendo assim a casinha de uma nova família. Que alegria é saber que ele está tão bem! Ahh e quando vou aos EUA sempre compro um agrado para o Grande Baiú, ele merece. Não sei se um dia vou curar a saudades que tenho mas garanto que ele ficou em boas mãos.

Velejando em SP/Guarapiranga
Brasil, Grande Baiú






















Bons ventos a todos, vou preparar mais uns textos e contar como é velejar pelo Qatar e por onde eu estiver!