domingo, 21 de setembro de 2014

Viagem ao Uruguai, 3 gerações, 4.300Km de carro e muita diversão! Parte 1: São Paulo até São Lourenço do Sul

Viajando com uma criança de 3 anos por mais de 4.300Km, loucura? Sim!!! Mas temos que fazer umas loucurinhas na vida né!

Tudo começou com o Giovanni pedindo para conhecer onde o vovô nasceu, como sempre o Nanni com esses desejos que me fazem pensar como é bom dar voz às crianças!

O vovô Giorgio topou na hora, claro, ir para o Uruguai não iria ser algo que ele deixaria de querer em momento algum! Eu, fiquei pensativo como um bom pai: levar o Giovanni a percorrer tantos quilômetros poderia não ser algo tããoooo fácil assim... Então veio a dna Mariana a me convencer que era possível e eu, como não poderia deixar de ser, acreditei (ainda bem!)

Toda viagem requer uma boa programação, são tantos detalhes que não pode-se perder tempo. Logo que fiquei sabendo das minhas férias, no meio de Fevereiro, comecei a pensar em como seria a tal viagem. Lá vão os preparativos, a começar pelo roteiro:

São Paulo - Peruíbe (135Km ou 1:35h)
Peruíbe - Florianópolis (608Km ou 8:10h)
Floripa - São Lourenço do Sul (650Km ou 8:35h)
São Lourenço - Chuí (327Km ou 4:40h)
Chuí - Punta del Este, Uruguai (229Km ou 3:15h)
Punta - Balneário Santa Ana (289Km ou 3:50h)

Só para chegar até ali, 2.238Km, 30h de viagem... xiiii , tudo isso com a seguinte tripulação:

O papai aqui, o vovô e o netinho de 3 anos! kkkkkk

Bom, a Mari disse que dava e ela é mãe, então, mãe é mãe: fomos.

Para viajar com uma criança tão pequena vamos precisar de:

1. autorização da justiça (documento que conseguimos via cartório) autorizando a criança a viajar sem a presença dos dois pais

2. um plano B (no nosso caso, pegar um avião e ir rapidinho)

3. muita diversão: brinquedos, filmes, conversas e disposição

4. várias paradas ao longo do caminho

5. comidinhas fáceis e rápidas para um lanchinho a bordo

6. um telefone e internet para falar com a mamãe e ver a irmã de longe

7. hotéis com boas acomodações para 3 meninos

Basicamente, mas bbbeeeemmm basicamente, é isso!

A viagem começou! Ainda em casa escolhemos as roupas e os brinquedos preferidos do Nanni. Conversamos muito com ele para que também pudesse participar de todo o processo de decisão, afinal todos estávamos embarcando nessa!

Enchemos o carro e fomos para Peruíbe! Ao entrarmos na Imigrantes nova, muita chuva, eu estava devagar e derrepente a Mari grita: OLHA O CARRO! Sem tempo para nada! BUMMMMMM

Batemos.... pronto, começamos a viagem com um pequenino problema! kkkkkk tudo bem, nada demais, um amassado no capô, uma grade quebrada e as crianças em suas cadeirinhas super seguras.... dormindo! SIM, eles nem acordaram!

Chegamos em Peuíbe a noitinha, os faróis do carro apontando para tudo quanto era lado menos para a estrada (na batida eles ficaram "zarolhos"), no mínimo engraçado!

No outro dia cedo, aprontamos o carro do meu pai, esqueci a idéia de ir com o nosso e, ainda bem, pois era tanta, mas tanta tralha que não caberia no porta-malas, não! Carro aprontado, tchau para todos, começa efetivamente nossa SUPER AVENTURA!!!


Nanni no carro do vovô

No nosso primeiro trecho, já percebi o acerto de ter levado filmes. Eram vários títulos mas como toda boa criança, o Nanni queria assistir só "Turbo" e várias vezes, eu amei pois o filme é bem legal! Pegamos muita chuva e a viagem que era de 8h se transformou em 10h... tudo bem, comecei a entender que o Nanni quando põe algo na cabeça é aquilo e pronto! Ele aguentou cada Km, cada minutinho sem reclamar nada! Curtindo a viagem "dos meninos".

Chegamos em Florianópolis mortos, mas quem disse que esse gurizinho queria ficar parado, tive que fazer uma bela exploração no hotel!




Nanni-Aranha explorando o hotel, Florianópois




Feliz até na hora de dormir, Florianópolis




Acordamos cedo e tomamos um belo café da manhã para aguentar o segundo trecho que nos levaria até São Lourenço do Sul. A viagem começou bem, mas logo na saída de Floripa obras na BR101, muitas obras que nos acompanhariam até o Chuí. Novamente a viagem que era de 8:35h tornou-se  10h. Eu dividia a pilotagem com o meu pai, o Nanni curtindo os filmes e batendo o maior papo conosco! Sim, porque haja papo! rs




Chegamos em São Lourenço do Sul, na beira da Lagoa dos Patos a noitinha e o Giovanni foi logo se divertir num parquinho na frente da pousadinha que escolhemos.

Nanni no parquinho de São Lourenço do Sul

O Nanni estava se divertindo tantos alí em São Lourenço do Sul e a beira da Lagoa dos Patos é tão gostosa que resolvemos curtir um dia inteirinho saindo somente no dia seguinte cedo. Foi bem legal, o Nanni fez logo uma amizade e curtimos juntos o sotaque da amiga dizendo: "Ei gurizinho, vamos brincar"!

Gurizinho e gurizinha brincando na areia, Lagoa dos Patos

A Lagoa dos Patos é MUITO gelada! Acho que ali se separam os homens dos meninos, rsrsrsrs nesse caso, o menino foi no colo do vovô assim que percebeu que poderia congelar totalmente! rsrsrsrs


Nanni e vovô na Lagoa dos Patos

Aguardem, daqui a pouco posto o nosso próximo trecho!!!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sim, compramos um barco novo! Um Delta 17 (ou Tchê) chamado YERE

Bem, pensamos pensamos e pensamos... olhamos as contas daqui e dali... fomos nos deixando levar pela emoção e pronto: compramos o barco! Aquele mesmo do  meu post: Escolhendo um barco... Xiiii

Bom, foi mais ou menos assim: estava eu em pleno Fevereiro desse ano - 2014 - sem fazer nada e vi então um barco a venda...


Anúncio do Yere no mural do SPYC

Fui atrás para ver, foi uma paquera longa e desde o primeiro passeio com o sr. Kurt Ostermeyer eu já fiquei com vontade de ter esse barquinho, tanto pela história dele como pelas histórias do sr. Kurt e sua esposa Elke. Fizemos uma velejada de fim de tarde que foi maravilhosa: Velejada com o sr. Kurt no Yerê.

Mas e a $$$$??? Como fazer? - sim, eu sei que não é caro, mas também não é barato... bom, esqueci o assunto (mentira) e continuei a vida (atchimmm). No meio de Fevereiro, fui dar uma volta com o meu pai no Uruguai, o Nanni foi junto - isso merece um post a parte - e conversamos muito sobre o barco. Nenhuma conclusão, mas nada como conversar com pai quando se está numa dúvida dessas né!

Voltei a São Paulo e, como o sr. Kurt e a Elke moram perto de onde a Mariana trabalha e muitas vezes vou a pé esperar ela sair, passava lá para bater um bom e longo papo com os dois. Isso se repetiu durante alguns meses! Me sentia atraído pela idéia do barco e pela idéia de ter esses dois novos amigos! A idade, uma boa diferença, talvez algo como 44 anos (rsrsrs, isso mesmo, uma super diferença saudável) mas parecia que falava com um adolescente sobre o seu primeiro carro, seu Kurt tratava do barco com tanto entusiasmo que me contagiava ainda mais. Conversamos muito sobre velejar, sobre livros e a nossa querida e agora quase seca represa de Guarapiranga.

Ao fim de Abril, sr. Kurt me ligou e disse que havia um comprador lá do Sul para o lindo Yere. Que tristeza para todos, para mim que estava buscando o recurso para ter o barco e para ele que já havia me dito que queria passar esse barco para alguém que tivesse crianças, como eu.

Yere num fim de tarde no SPYC

Foi então que ele me disse: "Tiago, me faça sua proposta" e eu respondi: "É tão ruim sr. Kurt que não quero nem fazer" mas a proposta foi feita e, incrivelmente em 5 minutos o barco estava vendido! Em 2 dias saindo do Clube Castelo e indo para o seu novo berço, o SPYC.




A minha felicidade era tanta que eu nem sabia o que fazer, fiquei perdido!!  Eu estava no Rio de Janeiro nesse dia e quase não dormi! Sim, eu tinha agora a responsabilidade de pôr o YERE na água o máximo possível e fazer o legado do sr. Kurt valer à minha péssima proposta que eles aceitaram com tanto carinho!

Passamos a velejar em família, agora no tão desejado barco-mini-casa que queríamos. Nossos sonhos de um barco maior colocamos no bolso para tirar em algum momento futuro. Como disse um amigo piloto/velejador: esse barco vai trazer muitas felicidades para você e à sua família! Acertou, está trazendo mesmo!

Não são poucos os finais de semana que ficamos uma tarde toda embarcados curtindo as belezas da Guarapiranga! Ahhhh que felicidade!

Família no barco

Velejar é muito bom, ter um barco é ótimo mas ter a família velejando no nosso barco é algo sem preço! Não fizemos muitas modificações no Yere. Continuamos a trabalhar para mantê-lo arrumado e limpo e velejamos sempre que temos uma regata no clube ou a minha escala de trabalho permite, garanto que ele não passa muito tempo fora da água não.

Ahhh sim, agora participamos de muitas regatas no nosso barco, já chegamos em último, já chegamos  no meio. Já passamos bóias pelo lado errado (kkkkk, uma trapalhada total, é como se você andasse na contra mão em plena pista de corrida)! O Nanni está louco para ganhar uma regata, mas até agora só ganhamos xícaras e medalhas, eu acho ótimo, mas ele quer mais, quem sabe né!?

Agora o Yerê vai chamar-se "Grande Baiu" e ao lado do nome em letras estilizadas um pouco menores, vou colocar: Capitão Kurt Ostermeyer (Yere). Uma homenagem a esse amigo e velejador Campeão Paulista de Olímpico durante anos!

O sr. Kurt nos deixou no começo desse mês de Setembro, está agora velejando nas nuvens com ventos refrescantes. Já estamos sentindo saudades por esses poucos meses de amizade. Fica a nossa promessa de manter viva a alma do Yere e do sr. Kurt (Mariana, Tiago, Giovanni e Manuela).

terça-feira, 8 de abril de 2014

Escolhendo um barco... xiiiii



Escolher o primeiro barco foi fácil, e o segundo???

Acho que, como todos aqueles que gostam de velejar, andar de lancha, jet, chega um momento que precisamos ter um. Eu explico: assim que terminei as minhas aulas lá na Dick Sail com o Peter, comecei a alugar os Dingues, HC 14, 16 e até o Mod 23 para dar voltas na Guarapiranga e foi ótimo. Os barcos estão sempre bem cuidados e o pessoal da escola é gentil e atencioso, mas... veio aquela vontade de ter algo que eu pudesse colocar na água na hora que eu quisesse, um barco para chamar de meu. Nesse momento eu já estava pensando em me associar ao SPYC (São Paulo Yacht Clube) pois foi ali que tudo começou. Me associei, faltava o barco!


Mari e Nanni no Dingue da Dick Sail

O primeiro veleiro, como eu disse, é fácil. Você não entende nada, nem o que realmente quer, então aparece uma oportunidade que te dizem ser única (e foi) e lá está você comprando o barco. As minhas premissas básicas para essa primeira compra eram as seguintes:

1. barco fácil de navegar, eu era mais Manza que agora
2. que coubesse no meu bolso raso
3. algumas regulagens a mais que o Dingue, só para aprender um pouco mais
4. fosse bonito, afinal era o primeiro barco e eu não sou fã de reformas, gosto é de velejar
5. tivesse outros no clube, precisava aprender com os mais experientes

Então me aparece o Bruno, um comandante da GOL com quem conversara alguns meses antes sobre barcos, ele tinha um Snipe, o barco estava parado a alguns anos no clube dos Engenheiros da USP, represa Billings, e seguia boa parte das premissas. Seguindo o conselho dos mestres (Peter, Dick, Cleto, etc) não pensei muito e comprei o veleirinho por um valor muito bom. Meu padrinho e amigo de velejada Markus me arranjou um transporte e eu fui lá buscar o barco para leva-lo à sua nova casa, o SPYC no dia 14 de Abril de 2013. O Grande Baiu

O Snipe é um barco muito interessante. É elegante acima de tudo, mas também é rápido, arisco e com várias regulagens que, talvez, um dia eu aprenda a usar! A classe é bem ativa e temos diversas regatas na própria represa, a vida dele é agitada para compensar os anos que o Bruno deixou ele paradinho no outro clube. O nosso Snipe, chamamos de Grande Baiú e acho que esse vai ser o nome que vamos apelidar todos os nossos barcos pois tem um significado legal que contarei em outro post com detalhes.

Passamos um belo ano com o Grande Baiú, fizemos muitas trapalhadas e muitas velejadas. Virei o barco com o meu pai (isso também merece um post) com direito a quebra do leme e perda da bolina, o Markus virou ele num dia frio, inclusive gravou essa capotada e eu achei fantástico ver o Snipe embaixo d'água e o Pedro Quezada pulando sem se molhar por cima dele quando emborcou, eu caí na água numa orça apertada quando o Juvenal (amigo do clube) estava de proeiro e fiquei um tempão esperando ele me socorrer. Fiz passeios com colegas da GOL, com proeiros que apareciam de última hora no clube ou qualquer pessoa que se habilitasse a ir para a água comigo. Corremos regatas, acho que umas 6 ao longo desse quase um ano, a Mari fez passeios e regatas comigo e até o Nanni deu uma voltinha, ou seja, vida agitada!!

Markus chegando ao clube depois de uma capotada!


Apesar de todas as felicidades que o nosso barco nos trouxe, veio surgindo uma vontade, um desejo mesmo, de ter algo que eu pudesse levar os pequenos junto, o Nanni adora andar de barco e a Mari também, a Manu ainda não sabemos pois ela não tirou o pé da terra firme. Pronto, acabei de arranjar uma dor de cabeça daquelas. A Mariana topou de cara e estabelecemos algumas premissas:

1. barco seguro que mesmo com uma manzisse não vire ou quebre com facilidade
2. compartimentos estanques são bem vindos para qualquer eventualidade catastrófica
3. algum conforto, não muito pois não pensamos em pernoites compridos mas queremos poder deixar as crianças a vontade
4. fácil de manobrar as velas, para as mudanças de tempo seja vento forte ou muito fraco
5. bom de orça pois não temos todo o tempo do mundo para ficar na água, infelizmente
6. percebi que não gosto de barcos lentos, então que seja minimamente rapidinho e dê alguma emoção
7. possibilidade de colocar tela no guarda mancebo e cabos para as crianças andarem de cinto se necessário
8. um pequeno deck em que possamos olhar o luar ou tomar um sol
9. não precisa ser novo, mas tem que ir para a água já, gostamos é de velejar
10. um motor seria bom para aqueles dias em que o vento pára e temos horários (e só para isso pois barco a vela precisa velejar e falta de vento faz parte)
11. pequeno o suficiente para ser fácil de subir na rampa do clube
12. leve para ser rebocado, se um dia quisermos levar ele mais longe
13. esteja na Guarapiranga ou próximo
14. que tenha alguma história (ou pelo menos uma boa estória)

Como vocês podem ver, aumentamos em 150% as premissas da compra do Snipe. Fomos aprendendo o que podemos e o que temos de possibilidades financeiras e técnicas para ter um novo barco. Logo descartamos barcos que seriam ótimos como o Fast 230 ou Skipper 21 tanto pelo tamanho como pelo preço. Também ficamos fora de O'Day 23, Velamar 23, etc... nosso mundo começou a ficar reduzido mas ainda temos algumas possibilidades. Um Marreco 16 ou um Velamar 18, um bom Micro-Tonner como o Tauxua que está no SPYC e uma infinidade de barcos entre 16 e 20 pés. Não é uma escolha fácil, seja pelos barcos como pela falta deles. Não se encontram Marrecos, Velamar 18 ou outros barcos a venda com um preço razoável e em boa qualidade assim, facinho.

Foi então que vimos um belo exemplar do Delta 17 (ou Tchê 17) que dizem ser o fusquinha dos veleiros. Esse atende a quase todas as premissas, chama-se Yerê e está na Guarapiranga no Clube Castelo. Confesso que fiquei muito inclinado para esse barquinho. Tem de tudo, um espaço para as crianças, uma quilha canivete de 180Kg, vários jogos de vela e um motor clássico Johson 2T 4Hp. Numa orça com vento fraco já fomos lá para os 5kt (sim, ele tem um velocímetro sub aquático alemão), tudo nele funciona, tem uma história interessante com o seu Kurt e a esposa que velejam nele a mais de 10 anos. Conversei com um amigo do SPYC que tem um semelhante, o Alegria e ele me disse o seguinte: COMPRE! Bom, vamos ver Santini se vou comprar ou não, eu quero mas não sei se o dono dele vai vender para mim, desejo já tenho... Velejada no Yerê

Anúncio do Yerê no mural do SPYC 



Yerê e seu Kurt ao fundo no Clube de Campo Castelo


Comprar um barco é assim, um pouco de razão e muita emoção, não dá para ser de outra forma, os barcos tem um significado, são parte de quem os comprou. Eu vou aqui sonhando com os meus filhos no cockpit ou na cabine e eu com a Mari passeando na represa, vamos ver no que dá!

Regata de Abertura 2014, o Snipe trapalhão!

Dizem que o ano só começa após o Carnaval, ok, mas para os velejadores da Guarapiranga, o ano só começa depois da Regata de Abertura! Esse ano ela aconteceu nos dias 15 e 16 de Março e, conforme eu e a Mariana havíamos proposto, colocamos os avós para cuidar dos filhos e o barco na água.

No Sábado, reservado à categoria OpenBic, nós fomos para o SPYC e enquanto as crianças cuidavam do parquinho com a antena da mamãe ligada para qualquer eventualidade catastrófica, eu resolvi dar uma bela lavada no Grande Baiu. Primeiro por não lembrar quando tinha dado um trato nele, segundo por não querer que a dona dele visse o quanto estava sujo! Passei bem uma hora limpando tudo e fazendo a organização geral. Trabalho acabado, barco guardado, fomos para casa esperar o Domingo e estrear nessa Regata de Abertura, nossa primeira.

Foto: site do SPYC

Acordamos, quer dizer, fomos acordados bem cedo no Domingo para um café da manhã com o Nanni e a Manu. Logo que os avós chegaram, fomos para o clube nos preparar, tirar as tralhas que sempre temos no barco, montar a buja que eu havia retirado para velejar sozinho, subir a mestra e..... esperar pelo trânsito congestionado de veleiros e velejadores querendo ir para a água! A Mari ainda teve tempo de correr e pegar uma água para nós, estava uns 30 graus e sem uma nuvem no céu.

Fomos quase os últimos a conseguirmos colocar o barco na represa, logo na saída, já estávamos nos deparando com as dificuldades do dia, vento fraco, rondando de Oeste para Noroeste e novamente Oeste e vamos saindo dando bordos pois o canal é estreito e tem outros barcos a nossa volta. Ao ganhar a represa, procuramos logo a linha de largada já com o sinal (tiro de rojão e flâmula do SPYC hasteada) de que faltavam 5 min para o início. Nada de preparação, a Mari fazia uns bons 4 meses ou mais que não velejava. Fomos nos colocando logo na posição que dava pois tinham muitos barcos na água, talvez mais de 100, dado que vamos conferir em breve! 

Aguardamos os próximos sinais, 4 minutos, 1 minuto, bandeira do SPYC abaixa e um tiro de rojão: foi dada a largada, os barcos lado a lado, aquela emoção, tripulações ansiosas nos seus cockpit's, velas armadas, timoneiros no leme mas... algo aconteceu, faltava alguma coisa... o VENTO! E nada é mais parado que um barco a vela sem vento. Um Sol de lascar e torrar qualquer parte da pela que estivesse exposta, os barcos começando a se encostar, daqui e de lá. Era pau de Spy prá cá, balão murcho prá lá, leme sem ação daqui e nada de vento.... O Grande Baiu estava lá, ao sabor do Sol, no meio de dois outros barcos bem maiores que, se havia algum vento, estavam tomando só para eles e nós  decepcionados. Então, em uma manobra conseguimos um andamento pequeno e nos livramos de toda aquela confusão.

Meteorologia 01: (no aeroporto e Congonhas) ás 14:00h, vento Noroeste com 4 nós, e temperatura de 32 graus

Foto: site do SPYC

Derrepente a Mariana fala: agente não largou ainda, você sabia? e eu: eu sei, mas fazer o quê? Não tem vento! Quase coloquei ela em pé soprando a vela! Mas o barco andou e agente largou, ficamos atrás de muitos outros barcos talvez por termos sido espremidos por uns 3 barcos maiores, ou por sermos manicacas mesmo. Sei que andamos e saímos do congestionamento, o vento entrou fraco e inconstante. Pronto, agora a preocupação era com o horário, como eu ainda iria voar no fim do dia, não poderíamos fazer a primeira bóia depois das 15:00h, como a largada foi atrasada e já eram umas 14:30h estávamos pensando em voltar e abandonar, quando então, entrou o vento Sul, primeiro fraquinho mas constante, depois foi ficando mais fortinho, uma TCU (nuvem de tempestade) no céu aqui, outra alí e o vento aumentando!

Fizemos a primeira bóia bem, quase batemos em um outro barco mas viramos por dentro e conseguimos sair na frente, era um Snipe também, fizemos a segunda bóia e esse Snipe bateu em nós, que ficamos afunilados entre um MicroTonner e ele, tudo bem, vamos para o vento em popa, recuperaçãovento forterepresa encarneirada, cheia de ondas, e nós com o Pau de Spy e a adrenalina a mil tentando manter o barco sem virar... A Mariana percebe que o vento mudou e um jaibe está por vir, recolhemos o pau, jaibe e lá vamos nós... rapidinho cruzamos a última bóia, a chegada, junto (mas atrás) de três outros Snipes (azulzinho, amarelinho e vermelinho, rsrsrs), agora era só voltar para o clube com gostinho de aventura! Mas...

O tempo virou, a nuvem de tempestade começou a se aproximar, o vento a aumentar, a represa a encarneirar ainda mais e chuva, a Mariana sentindo aqueles pingos começou a reclamar e a Guarapiranga mandou uma onda para dentro do Snipe, ela ficou ensopada e quieta (foi Netuno?), velas reguladas, fiquei observando se os barcos a distância não estavam virando, o que poderia ser um pé de vento, trocamos idéias do que fazer, decidimos que se o vento aumentasse muito e os barcos a frente ou aos lados começassem a virar, iríamos baixar todas as velas e esperar ou seguir no remo (já estávamos em cima da hora para eu ir trabalhar).

Meteorologia 02: (no aeroporto e Congonhas) ás 16:07h, vento Oeste com 12 nós, tempestade com chuva forte e granizo, e temperatura de 22 graus

O vento foi acalmando, a represa continuou com ondas mas agora mais amena e chegamos no canal com vento vindo de Leste o que fez que, mais uma vez, tivéssemos que dar bordos lá dentro no meio de um monte de barcos para poder parar. Assim que o sr. Alcir nos ajudou a colocar o Grande Baiu na carretinha, sentimos uma sensação de QUERO MAIS, adoramos, foi uma experiência e tanto. Não sabemos em que posição chegamos mas isso não interessa pois a experiência foi nossa melhor medalha. Erramos poucas manobras, usamos uma estratégia para dar poucos bordos, trabalhamos o máximo nas regulagens que sabíamos do barco e descobrimos que ainda temos muito que aprender mas que é muito divertido esse negócio de velejar.

Podemos dizer que tivemos tudo em uma só tarde, calmaria com sol, vento fraco de todos os lados, vento forte, chuva e ondas, uma delícia! Fiquei pensando em quanta gente poderia se descobrir nesse mundo e ficou vendo TV nessa tarde deliciosa de represa... Espero que você que está lendo se anime e venha participar dessas emoções!

Tiago (Timoneiro atrapalhado) e Mariana (proeira desajeitada) com o perdão do Grande Baiu (nosso Snipe)


O Grande Baiú

Lembra do Bruno um colega que estava vendendo um veleiro? Pois bem compramos!

Foi bem engraçado!! O Ti quando tem uma ideia e eu sou um pouco contra ele começa um trabalho intenso de convencimento. Confesso que ele é talentoso ou eu sou pata e me convence sempre kkkkk.

Para começar passeamos algumas vezes de Dingue, depois fomos em família conhecer o barco. O discurso, prévio, era só vamos ver sem compromisso (você acreditou?). Já o discurso, posterior, era nossa o barco está perfeito e com um preço ótimo. O que você acha? Vamos comprar? (perguntas apenas para cumprir protocolo). E as crianças adoraram conhecer aquele Clube dos Engenheiros da USP, quando viram o barco  não ficaram muito contentes, pudera, o barco estava todo empoeirado, cheio de teias de aranha e com um cheiro terrível de fezes de pássaros. Pobre Snipe!

O Snipe é um barco que ainda participa dos jogos Pan-Americanos, consagrou muitos campeões em suas competições. Ele é um barco de 15 pés (aproximadamente 5m), foi projetado em 1931 e tem duas velas, uma principal regulada pelo timoneiro e uma menor na frente, a buja, que é regulada pelo proeiro (tadinha da Mari, já ganhou uma vela e nem sabe, rsrsrsrs).

O dia de pegar o barco foi um dia daqueles! Acordei cedinho para encontrar o Bruno, que felizmente tem um apartamento perto de casa pois ele mora mesmo em Florianópolis! Fomos encontrar o guincho que serviria de transporte (obra do meu padrinho e amigo velejador, Markus que me arranjou esse transporte bem baratinho).

Ao chegar no Clube dos Engenheiros, começamos a tirar todas as tralhas do barco. Tudo muito sujo mas completo. A capa está um pouco estragada mas futuramente trocaremos! Era dia 14 de Abril de 2013, só para ficar registrado!

Preparamos o barco em cima do caminhão e bem acomodado iniciamos a nossa viagem até o SPYC, sua nova casa!!!

Nessa foto, eu, o Bruno (de branco) e o guincheiro

Ao chegar no SPYC, colocamos o barco no local provisório e começamos a montar. Fazia tanto tempo que o Bruno não velejava que ele teve que ir lembrando de como se encaixavam as ferragens, mas ao final, conseguimos montar o barco!

Snipe no SPYC

Já nos preparamos para a primeira velejada, e apesar de ser uma segunda-feira, dia que não se colocam barcos na água n SPYC, a gente conseguiu dar uma escapadinha na represa que estava com um ventinho frioooo e tempo nublado! Foi a minha primeira velejada no Snipe e confesso que fiquei surpreso com a quantidade de regulagens, quase desisti!

Passados alguns dias, foram todos ver o novo barco, Mariana, Giovanni e Manu! O Nanni ficou tão surpreso que arregalou os olhos e disse, papai, esse aqui é um Grande Baiu!!! Ficamos pensando e pensando, o que seria esse tal de Grande Baiu, apesar de não saber, logo entendemos que esse seria o nome dos nossos barcos!

O Grande Baiu na verdade seria O Grande Baobá, da estória do "Pequeno Príncipe", no entanto, pela fonética complicada aos 3 anos de idade, o Giovanni ao ver o barco falou: - Papai esse barco é o O Grande Baiu!!! Não tivemos opção, ele foi assim - imperativo, deixamos o nome, afinal, pesquisando na internet descobrimos que "Baiu" é uma estação típica do Japão com nuvens acinzentadas e com dias chuvosos "plum rains". Achamos que calhava.... e também, ficamos imaginando que o barco é tão grande na visão dele que parece uma grande árvore Baobá

Estou pensando em escrever "O Grande Baiu" na lateral, bem no meio da faixa amarela, próximo a proa, o que acha? Em azul talvez... Ou cinza para lembrar a história do nome...

Só sei que esse Snipe ainda vai me proporcionar boas trapalhadas!!!


Grande Baiu