terça-feira, 8 de abril de 2014

Regata de Abertura 2014, o Snipe trapalhão!

Dizem que o ano só começa após o Carnaval, ok, mas para os velejadores da Guarapiranga, o ano só começa depois da Regata de Abertura! Esse ano ela aconteceu nos dias 15 e 16 de Março e, conforme eu e a Mariana havíamos proposto, colocamos os avós para cuidar dos filhos e o barco na água.

No Sábado, reservado à categoria OpenBic, nós fomos para o SPYC e enquanto as crianças cuidavam do parquinho com a antena da mamãe ligada para qualquer eventualidade catastrófica, eu resolvi dar uma bela lavada no Grande Baiu. Primeiro por não lembrar quando tinha dado um trato nele, segundo por não querer que a dona dele visse o quanto estava sujo! Passei bem uma hora limpando tudo e fazendo a organização geral. Trabalho acabado, barco guardado, fomos para casa esperar o Domingo e estrear nessa Regata de Abertura, nossa primeira.

Foto: site do SPYC

Acordamos, quer dizer, fomos acordados bem cedo no Domingo para um café da manhã com o Nanni e a Manu. Logo que os avós chegaram, fomos para o clube nos preparar, tirar as tralhas que sempre temos no barco, montar a buja que eu havia retirado para velejar sozinho, subir a mestra e..... esperar pelo trânsito congestionado de veleiros e velejadores querendo ir para a água! A Mari ainda teve tempo de correr e pegar uma água para nós, estava uns 30 graus e sem uma nuvem no céu.

Fomos quase os últimos a conseguirmos colocar o barco na represa, logo na saída, já estávamos nos deparando com as dificuldades do dia, vento fraco, rondando de Oeste para Noroeste e novamente Oeste e vamos saindo dando bordos pois o canal é estreito e tem outros barcos a nossa volta. Ao ganhar a represa, procuramos logo a linha de largada já com o sinal (tiro de rojão e flâmula do SPYC hasteada) de que faltavam 5 min para o início. Nada de preparação, a Mari fazia uns bons 4 meses ou mais que não velejava. Fomos nos colocando logo na posição que dava pois tinham muitos barcos na água, talvez mais de 100, dado que vamos conferir em breve! 

Aguardamos os próximos sinais, 4 minutos, 1 minuto, bandeira do SPYC abaixa e um tiro de rojão: foi dada a largada, os barcos lado a lado, aquela emoção, tripulações ansiosas nos seus cockpit's, velas armadas, timoneiros no leme mas... algo aconteceu, faltava alguma coisa... o VENTO! E nada é mais parado que um barco a vela sem vento. Um Sol de lascar e torrar qualquer parte da pela que estivesse exposta, os barcos começando a se encostar, daqui e de lá. Era pau de Spy prá cá, balão murcho prá lá, leme sem ação daqui e nada de vento.... O Grande Baiu estava lá, ao sabor do Sol, no meio de dois outros barcos bem maiores que, se havia algum vento, estavam tomando só para eles e nós  decepcionados. Então, em uma manobra conseguimos um andamento pequeno e nos livramos de toda aquela confusão.

Meteorologia 01: (no aeroporto e Congonhas) ás 14:00h, vento Noroeste com 4 nós, e temperatura de 32 graus

Foto: site do SPYC

Derrepente a Mariana fala: agente não largou ainda, você sabia? e eu: eu sei, mas fazer o quê? Não tem vento! Quase coloquei ela em pé soprando a vela! Mas o barco andou e agente largou, ficamos atrás de muitos outros barcos talvez por termos sido espremidos por uns 3 barcos maiores, ou por sermos manicacas mesmo. Sei que andamos e saímos do congestionamento, o vento entrou fraco e inconstante. Pronto, agora a preocupação era com o horário, como eu ainda iria voar no fim do dia, não poderíamos fazer a primeira bóia depois das 15:00h, como a largada foi atrasada e já eram umas 14:30h estávamos pensando em voltar e abandonar, quando então, entrou o vento Sul, primeiro fraquinho mas constante, depois foi ficando mais fortinho, uma TCU (nuvem de tempestade) no céu aqui, outra alí e o vento aumentando!

Fizemos a primeira bóia bem, quase batemos em um outro barco mas viramos por dentro e conseguimos sair na frente, era um Snipe também, fizemos a segunda bóia e esse Snipe bateu em nós, que ficamos afunilados entre um MicroTonner e ele, tudo bem, vamos para o vento em popa, recuperaçãovento forterepresa encarneirada, cheia de ondas, e nós com o Pau de Spy e a adrenalina a mil tentando manter o barco sem virar... A Mariana percebe que o vento mudou e um jaibe está por vir, recolhemos o pau, jaibe e lá vamos nós... rapidinho cruzamos a última bóia, a chegada, junto (mas atrás) de três outros Snipes (azulzinho, amarelinho e vermelinho, rsrsrs), agora era só voltar para o clube com gostinho de aventura! Mas...

O tempo virou, a nuvem de tempestade começou a se aproximar, o vento a aumentar, a represa a encarneirar ainda mais e chuva, a Mariana sentindo aqueles pingos começou a reclamar e a Guarapiranga mandou uma onda para dentro do Snipe, ela ficou ensopada e quieta (foi Netuno?), velas reguladas, fiquei observando se os barcos a distância não estavam virando, o que poderia ser um pé de vento, trocamos idéias do que fazer, decidimos que se o vento aumentasse muito e os barcos a frente ou aos lados começassem a virar, iríamos baixar todas as velas e esperar ou seguir no remo (já estávamos em cima da hora para eu ir trabalhar).

Meteorologia 02: (no aeroporto e Congonhas) ás 16:07h, vento Oeste com 12 nós, tempestade com chuva forte e granizo, e temperatura de 22 graus

O vento foi acalmando, a represa continuou com ondas mas agora mais amena e chegamos no canal com vento vindo de Leste o que fez que, mais uma vez, tivéssemos que dar bordos lá dentro no meio de um monte de barcos para poder parar. Assim que o sr. Alcir nos ajudou a colocar o Grande Baiu na carretinha, sentimos uma sensação de QUERO MAIS, adoramos, foi uma experiência e tanto. Não sabemos em que posição chegamos mas isso não interessa pois a experiência foi nossa melhor medalha. Erramos poucas manobras, usamos uma estratégia para dar poucos bordos, trabalhamos o máximo nas regulagens que sabíamos do barco e descobrimos que ainda temos muito que aprender mas que é muito divertido esse negócio de velejar.

Podemos dizer que tivemos tudo em uma só tarde, calmaria com sol, vento fraco de todos os lados, vento forte, chuva e ondas, uma delícia! Fiquei pensando em quanta gente poderia se descobrir nesse mundo e ficou vendo TV nessa tarde deliciosa de represa... Espero que você que está lendo se anime e venha participar dessas emoções!

Tiago (Timoneiro atrapalhado) e Mariana (proeira desajeitada) com o perdão do Grande Baiu (nosso Snipe)


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