terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Quando perdemos um amigo

Demorei um pouco para escrever sobre isso....

Perdi um amigo, se foi o Markus Grünig que me ajudou tanto nesses últimos anos de vela.

Subindo na plataforma para tirar fotos!

O Markus, era o meu padrinho e dele eu guardava apenas lembranças da infância, de tê-lo visto algumas vezes quando ainda era pequeno, com menos de 10 anos. Em 1988 nos mudamos para uma cidade chamada Rio Bonito no RJ e nunca mais vi o Markus, fomos perdendo o contato e eu fui crescendo, mesmo assim meus pais sempre tinham alguma boa história para contar que incluía ele, algo engraçado, sempre!

Markus timoneando o HC16, frioooo

Passados muitos anos, talvez uns 20, o Markus foi na casa dos meus pais e começamos a conversar. Nessa época eu estava fazendo minhas aulas de vela e o papo foi natural, quando então ele me disse que também estava fazendo aula com o Peter e que tinha pago mas não tinha completado! Marcamos de nos encontrar no SPYC para completar essas aulas dele e assim o fizemos. Desde então, estávamos invariavelmente uma vez por semana fazendo algo por lá.

Ricardo no HC16

Eu e o Markus velejamos de Dingue quando ainda estava em aulas com o Peter. Depois velejamos de MOD23 num dia que nos deu a louca de alugar o barco para ver como era. Resolvemos encarar o HC16 juntos. Em seguida, comprei o Snipe e o Markus participou de tudo, fez até uns vídeos ótimos de uma capotada que ele deu numa regata. Eu sempre considerava o barco como "nosso" pois nos divertíamos juntos.
Eu no HC16

Quando comprei o Yerê, o Markus foi um dos primeiros a velejar no barco comigo. Tivemos ótimos momentos nele. Quando resolvi parar o barco para a reforma, ele foi o meu "gerente da reforma" pois estava sempre ali, cuidando dos detalhes, correndo para lá e para cá atrás de peças. Fizemos projetos juntos e trabalhamos com afinco durante meses para deixar o barco como queríamos.

Assim que o Yerê virou "Grande Baiú", fiz questão de ir para a água pela primeira vez com ele. Não deu certo, tivemos um problema na quilha, o que precisou de alguns dias para ser resolvido, mas tudo bem, assim que resolvemos subimos no barco e fomos juntos para a água. Essa foi a última vez que saíamos a vela e foi muito bom, talvez a melhor de todas as velejadas que fizemos. Estávamos felizes pois o trabalho todo que tínhamos executado estava funcionando!
Quilha com defeito, voltando

Pouco antes do Markus nos deixar, fui com ele no clube instalar o motor elétrico. Nesse dia, não tinha nada de vento e ficamos boiando na água e batendo papo a tarde toda. Essa foi a última lembrança que guardei na minha cabeça pois no final de semana seguinte ele se foi.

Numa boa, velejando....
Num domingo o Markus me ligou no começo da tarde, perguntou se eu ia para o clube e eu disse que não, não dava pois estava com visitas em casa. Ele me confirmou que havia marcado de falar com outras pessoas e iria passar por lá, não deu tempo, me senti muito triste pois o fato de estar indo para o clube me fez sentir um pouco responsável... coisas da cabeça, eu sei, mas....

Testando o motor elétrico, última navegada!

Bom, gostaria muito de dedicar as minhas navegadas todas de 2016 ao Markus. Ele foi fundamental para eu conseguir ir um pouco mais longe em tudo sem me estressar ou me preocupar pois ele sempre estava de bom humor e sorrindo. Sempre fazendo brincadeiras com as crianças (afinal ele era o Vodrinho dos pequenos) e resolvendo coisas comigo. Em todas as minhas velejadas, quando olhar para os detalhes que trabalhamos juntos no barco, o meu amigo vai estar lá...

Obrigado pela amizade Markus, sempre será lembrado por todos aqui de casa e sempre vamos nos perguntar, por que tão cedo... Essa foto abaixo representa tudo que você foi!


Feliz, sonhador, amigo!

Um forte abraço!

Mudar de clube ou marina, vale a pena?

Nesses últimos meses não conseguimos atualizar o blog, foram tempos de muito trabalho e pouca diversão aquática e acontecimentos tristes.... mas nesse meio tempo resolvemos que chegava o momento de experimentar um outro clube e a "brincadeira" começou...

Barco no CCC após quebra da carreta

Sei que é uma surpresa para muitos afinal fomos SPYC por uns bons anos mas acreditávamos que deveríamos mudar e dessa forma, fomos em frente com os planos!

O SPYC nos acolheu nesse início da vela. Foi ali que aprendi a velejar e que toda a família curtiu bons momentos. No SPYC passamos a entender um pouco de regatas, de barcos e do que precisamos num clube, dessa forma, o SPYC está no nosso coração e no início da nossa história com barcos.

Nos últimos meses, acreditávamos que tínhamos uma necessidade que passava pelas crianças: ter um lugar com mais atividades, com mais coisas para elas. No fundo, pensávamos em algo que fosse o modelo do CAI (Clube Atlético Indiano) que frequentei na minha infância ou no Clube Itaú Guarapiranga que a Mari foi nos anos 90. Um clube com náutica para deixar o barco (coisa que esses dois clubes não tem) e todas as facilidades de um... clube!

Quando fui fazer o primeiro passeio no Yerê do sr. Kurt, o barco estava parado no Clube de Campo Castelo - CCC e ele me apresentou tudo, afinal ele se associou lá em 1967, conhecia cada cantinho! Eu fiquei muito bem impressionado mas ainda precisava entender que tipo de clube eu queria, fui algumas vezes ao Castelo para resolver questões do barco e fui percebendo que gostava daquele tipo de ambiente com mais atividades...

Barco na Náutica do CCC

Na última regata que participei com o "My Dream"do Barão (SPYC), a 6a. Etapa Guarapiranga, a festa de premiação foi por ali. Muita gente batendo papo e um acolhimento ótimo! Eu me senti em casa com tantos barcos do tamanho do meu e muitos velejadores conversando num ambiente descontraído e divertido. No dia seguinte resolvi levar o restante da patota para conhecer e a decisão veio fácil, nos associamos! A partir do dia 25/10 iniciamos a nossa (curta) jornada no Castelo.

Cheguei no CCC no dia 26/10 no começo da tarde com um vento muito forte e saí no dia 20/12 com vento muito fraco voltando ao SPYC, onde me senti novamente em casa! Foram 2 meses longe do meu lar e o retorno me deixou muito feliz! Nesse tempo senti falta dos amigos que deixei e de algumas outras coisinhas...

As crianças foram pouco no novo clube, tivemos problemas de trânsito horríveis na Av. Interlagos, que não anda pois ainda está com o projeto de 1960. O Barco foi pouquíssimo usado pois não dava para fazer aquele esquema de ir de bike ou a pé no horário que todo mundo está na escola e a Mari trabalhando e finalmente eu estava me sentindo de alguma forma... estranho...

Foi então que começaram os outro problemas. Sei que todos eram contornáveis mas eu não tive paciência... ou não aceitei bem as coisas que aconteceram...

Logo no início, a rodinha da frente da carreta foi arrancada em uma manobra de subir o barco pela rampa. Foram dias de barco na água para dar tempo de arrumar a carreta. Não creditei a quebra aos marinheiros ou ao clube, a carreta não estava em "excelente" estado mas, talvez, tenha faltado um pouquinho cuidado a mais... tudo bem, coisas que acontecem, levei numa boa...

Em seguida tive problemas com o cavalete, calços, tempo para retirada do barco da vaga (cheguei a esperar mais de 1h), falta de escada para descermos do barco, uma infinidade de pequenas coisas. Algumas do clube e outras do local como por exemplo o excesso de mosquitos, fui me sentindo cada vez mais chateado e preocupado. Já não confiava mais que o meu barco estava de acordo com o que eu queria, ou estava acostumado, como no SPYC.

Que dia para chegar no SPYC, temporal!

Resolvi então que era hora de reavaliar tudo. Eu já não estava mais indo ao clube para me divertir, estava indo para garantir que as coisas estariam da forma que eu queria. Comecei a ficar cada vez mais irritado, chateado, preocupado... ou seja, nada de relaxar e curtir.... e o meu propósito era me sentir bem.

No dia 18 tomei a minha decisão: voltar ao SPYC. Dia 20 tive uma brecha na escala de trabalho e não tive dúvidas, parti com o meu barco para o meu "velho" clube. Ao chegar, realmente veio um sentimento de que ali era minha casa, o meu local.

Carreta foi por terra

O SPYC não tem a estrutura do Castelo, é verdade. Mas o SPYC é um clube "de vela" e para mim isso realmente é a coisa mais importante, poder confiar o meu barco sem precisar me preocupar se está com calços ou em cima do cavalete é parte da minha diversão. O SPYC não faz com que eu tenha que enfrentar a Av. Interlagos e eu aproveito para ir de bike, coisa que eu adoro.

Obrigado a todos que me acolheram no Castelo, a todos que participaram desses parcos 2 meses. É justo tentar e descobrir o que realmente é importante. Sentirei saudades da estrutura? Sim. Sentirei falta das pessoas interessantes que encontrei por lá? Sim! Mas o lugar que me sinto em casa é o SPYC, com suas qualidades e seus defeitos é ali que eu vou ficar....